UMA QUESTÃO DE SEMÂNTICA...
O portão se fechou com o vento e Leonardo ficou do lado de fora, na calçada. Para abri-lo, somente com chave. Com dois metros de altura, o muro se mostrava intransponível. Para os amigos do alheio, apenas um pequeno entrave. Mas não foi sempre assim. Antes havia cerca singela de madeira envernizada, com um metro de altura. Servia apenas para delimitar as áreas do jardim e da calçada, pois o gramado começava na beira da varanda e seguia por sete metros até o meio-fio da rua do pequeno condomínio. Pedras arrumadas sobre a grama serviam de piso para a calçada e acesso à casa. Adorávamos nosso jardim-gramado, a casa nova em estilo colonial e piso de lajotas de barro enceradas. Um de nossos sonhos realizados.
Entretanto, após cinco furtos de bicicletas, resolvemos pela construção do muro.
A campainha incrustada na coluna de concreto do muro, situava-se a uma altura própria para adulto (erro de projeto?). Leonardo, nas pontas dos pés, se esforçava para alcançá-la, em vão. Nesse momento, por sorte dele, um vizinho amigo nosso e grande gozador veio "salvá-lo":
— Ô rapaz! Não sabes entrar em casa? Toca a campainha! — Não dá, seu Jorge! Tá muito alta pra mim... — Ah, não consegues?! Qual é o teu tamanho?! — Tamanho 6... Nilton Deodoro
Enviado por Nilton Deodoro em 29/11/2013
Alterado em 01/07/2019 |