FAMÍLIA É QUEM CUIDA!
— O quê? Vó Cidinha está internada? — Sim, tia Lidinha, foi hoje de madrugada. Está num hospital público no Centro, que não lembro o nome. — Souza Aguiar? — Isso, tia, Souza Aguiar! — Quem está com ela? Com 82 anos tem direito a acompanhante! — Tia Zefinha. Foi quem a acompanhou na ambulância. — Tá bom, tá bom, estou indo pra lá. — Alô, Zefinha? Como está vovó? Estou indo praí! — Oi, Lidinha, vovó tá no soro. Fez exames e estamos aguardando o resultado. Olha, nesta enfermaria, fora do horário de visita, só é permitida a presença de uma pessoa para cada paciente. Faz o seguinte: na portaria, diga que é da família da senhora Norma. É uma velhinha do leito ao lado da vovó, sem visitas da família. (Burla por dois bons motivos) Antes de falar com vó Cidinha, Lidinha se viu obrigada a beijar a testa e segurar a mão da pobre velha abandonada, eis que junto a ela estava um médico, um enfermeiro e um maqueiro. — A senhora é da família? — Sim... (com todas as preocpações que a situação impunha.) — Graças, Senhora, precisamos fazer exames em dona Norma em outro hospital, mas é necessário que uma pessoa da família a acompanhe na ambulância. Enquanto a ambulância “rasgava” o trânsito caótico do Rio com sua "abre-alas", dona Norma, olhos fixos nos de Lidinha, não largava de apertar sua mão, com um olhar terno de agradecimento e um doce sorriso, de quem experimentava ser amada pela primeira vez durante sua internação... Lidinha, diante das circunstâncias e princípios morais, encarnou o papel de familiar de dona Norma, com apego e dedicação. Quando, enfim, Lidinha retornou ao Souza Aguiar, reconheceu que seu "jeitinho" brasileiro valeu a pena, pois vó Cidinha estava de alta e dona Norma também, por conta do desaparecimento "inexplicável" de sua depressão profunda... Nilton Deodoro
Enviado por Nilton Deodoro em 22/03/2015
Alterado em 03/06/2020 |