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Sobre Envelhecer. (Sobre viver - Sobreviver - Em velho Ser) Ao longo de minha vida sempre ouvi, em tom de desabafo, que a vida passa muito rápido. Essa sensação é justificável, pois parece verdadeira quando se observa que a “velocidade” do tempo está diretamente relacionada à quantidade de tarefas realizadas no dia. “Pôxa, o dia passou tão rápido!” costuma-se dizer... Por outro lado, existem bolhas de excelência em não permitir que o tempo acelere assim, por exemplo, na rede de Caymmi. Ali, e nos arredores, a passagem do tempo é um ponto fora da curva. Lá, precisa-se de quarenta e oito horas para construir um dia. Curtindo o Olodum, talvez mais; Bahia é outro mundo... Voltando ao Brasil, vamos encontrar Vinicius e Toquinho corroborando a ideia da turma do “ufa, já acabou o dia?”. Segundo eles, com cinco ou seis retas conseguem fazer um castelo; com duas, um guarda-chuva; transformam em gaivota voando, um simples pinguinho de tinta num pedaço azul de papel; essa mesma gaivota é capaz de, nesse voo, contornar a imensa curva norte-sul, e ainda passando por Havaí, Pequim e Istambul; se um avião rosa e grená surge por entre as nuvens, eles são capazes de fazê-lo partindo e, se quiserem, fazê-lo pousar; enquanto o Todo Poderoso (modernamente, O Empoderado.), levou seis dias para fazer o Mundo, e ainda precisou de mais um para descansar, eles conseguem inscrever o mundo num círculo, com um giro de um simples compasso e, para passar de uma América à outra, não precisam de mais de um segundo. Enfim, fico com a ideia de que o tempo não passa tão rápido assim, pois, no meu caso, levei setenta e oito anos para chegar aos setenta e nove neste mês, o que não é pra qualquer um. Dado que venho diminuindo meu ritmo ao longo do caminho, penso que vai demorar ainda mais tempo a travessia dos setenta e nove para os oitenta. A ver... Nilton Deodoro
Enviado por Nilton Deodoro em 03/11/2018
Alterado em 24/08/2019 Comentários
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